quinta-feira, 18 de junho de 2009

Musica

Trabalhava concentrada, sem que qualquer ruído me perturbasse, alheia a qualquer som exterior….de repente, entrou-me pela janela da cozinha uma melodia que tal como o cheiro do melhor cozinhado se vai infiltrando e apurando as papilas gustativas, também ela, foi entrando e mergulhou lentamente em cada poro meu, apurando memórias. A concertina italiana, tal qual a ouvi na piazza di campo dei fiore, em Roma, fez-me relembrar tudo. Em Itália é tudo mágico. Aquela vespa com dois sorrisos apaixonados, as flores a sorrirem em uníssono, os cheiros que me fizeram sorrir….e as musicas…as musicas são como um bálsamo, um mar de calma num infinito de paz…..nada como uma serenata na língua de Vivaldi. Em mim corre agora a melodia, que dança cada vez mais perto e mais intensa, e eu estou lá…na bela Itália. Em Itália sou Julieta, aqui também. Estou em Verona, lembro-me daquela janela pequenina com portas de madeira, de onde sorrio ao ver-te na rua de pedra a caminhar e a cantarolar para mim… Olho para ti, enquanto o senhor da concertina caminha para a sombra da varanda, cambaleando de suor, mas respirando a sinfonia. Em anestesia total, a melodia segue tocando, e eu continuo em Verona, lembro-me do sol quente que me fizeste ver, lembro-me das ruas assimétricas e estreitas e dos arcos que as sombreiam! Com esta melodia lembro-me de tudo em Verona, dos cheiros, das cores, do calor, de ti, lembro-me de tudo como se lá estivesse estado.