segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Nas nossas mãos!


Na vida somos o sabor do vento
Somos os corpos marcados no tempo
O rosto reflecte o que sou
A mao reflecte o que dou
Pega na mao e olha...e sente
Ves estas marcas, as linhas?
Rectas ou curvilineas…
Sentes a tez macia ou dura…
E o cheiro que nela perdura?
Sao coisas da vida…
Marcas das marcas que ficaram
As maos guardam estes presentes
Presentes do passado…guardado
A caricia ao primeiro amor
A sensacao de calor
O toque da sensualidade
O apertar uma mao de verdade
O grito gemido, calado
O toque no corpo nu, suado
O adeus ao amigo que partiu
Aquele gesto…”xiuuu”
O brinde ao sucesso…mereco
O fotografar d’um rosto...que sorriu
Aquele “espera!”, que te peço
O afagar de uma lagrima
As coisas que fizemos…
Coisas, e mais coisas
Da-me, leva, pega…
A carta que escrevi
O livro que folheei…e li
A boneca que penteei
A crianca que embalei
A dor que me marcou
A flor que apanhei
O pedinte que me tocou
O gesto que finge o voo
A mao que sou…
Bravo….e com palmas
Aplaudimos …louvamos
… segura-as
Mostra-as…le-as
Sente-as….
Sao maos…..
……..d’uma vida!!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Jeito de escrever!

 "Não sei que diga.
 E a quem o dizer?
 Não sei que pense.
 Nada jamais soube.
 
 Nem de mim, nem dos outros.
 Nem do tempo, do céu e da terra, das coisas...
 Seja do que for ou do que fosse.
 Não sei que diga, não sei que pense.
 
 Oiço os ralos queixosos, arrastados.
 Ralos serão?
 Horas da noite.
 Noite começada ou adiantada, noite.
 Como é bonito escrever!
 
 Com este longo aparo, bonitas as letras e o gesto - o jeito.
 Ao acaso, sem âncora, vago no tempo.
 No tempo vago...
 Ele vago e eu sem amparo.
 Piam pássaros, trespassam o luto do espaço, este sereno luto das
 horas. Mortas!
 
 E por mais não ter que relatar me cerro.
 Expressão antiga, epistolar: me cerro.
 Tão grato é o velho, inopinado e novo.
 Me cerro!
 
 Assim: uma das mãos no papel, dedos fincados,
 solta a outra, de pena expectante.
 Uma que agarra, a outra que espera...
 Ó ilusão!
 E tudo acabou, acaba.
 Para quê a busca das coisas novas, à toa e à roda?
 
 Silêncio.
 Nem pássaros já, noite morta.
 Me cerro.
 Ó minha derradeira composição! Do não, do nem, do nada, da ausência e
 solidão.
 
 Da indiferença.
 Quero eu que o seja! da indiferença ilimitada.
 Noite vasta e contínua, caminha, caminha.
 Alonga-te.
 A ribeira acordou."
Irene Lisboa

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

"Floquinhos de neve"

Eram três, seguidos, em fila indiana!

Juntinhos a reluzirem, os três.

Como é que é possível, logo três de uma só vez.

Contra a natureza não há nada a fazer, nada, nem o mais supremo dos tribunais.

Não há decreto que a condene, que a demova das suas investidas.

Bem ali, onde os fios de cabelo teimam em separar-se, como que a criar um leito, ou vale perdido, um rio seco onde raízes crescem e deixam nada mais que marcas secas do tempo.

Surgiram os três bem junto à nascente, como alimentando-se todos os dias para se eternizarem.

E eles lá, os três em uníssono como que a iluminar esse caminho incerto, que me cobre esta caixa de Pandora.

E hoje constato que mesmo tendo arrancado pela raiz este mal de Pandora, eles voltaram e ligaram-se de novo à terra que os alimenta, brotando ainda mais fortes!

Malditos cabelos com cor que me recuso a distinguir e que tendem a multiplicar-se, tal como floquinhos de neve!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Viajar na música

Vou contar-vos a magia

Não há nenhum truque

A magia é aquele sorriso que de mudo se converteu em prosa

A magia é ouvir aquela música que por mais distante nunca se esqueceu

Aquela música que ouvimos repetida, mas quando toca, ah, abre a alma!

E agora só magia, a musica, e tudo pára, pára a vida, pára a morte, e só ela a musica

Não há dor que para sempre se apague nem felicidade que alguma vez se esqueça

É mágico, é só deixa-la tocar, e tudo volta, volta a cor, volta a dor, até volta o tempo que jamais volta…

Não há truque, há magia, é só encostar o ombro, respirar cada nota, e voltamos,

Voltamos para aquele lugar que já não existe, ou onde nunca estivemos

E cada som, cada batida, cada embalar é magia, é a certeza que aquele sorriso é o mesmo

A magia de saber que a guerra acaba quando se ouve aquela musica, a certeza de apagarmos a dor, a verdade com que a respiramos, à musica.

A constatação que mudamos, e a magia que fazemos por agora sorrirmos e pararmos o tempo

E agora que ela toca, brilham os seus olhos, sorri o seu corpo, rejuvenesce a sua alma, porque voltou, para aquele lugar onde nunca esteve.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011