quarta-feira, 21 de julho de 2010

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Passo, mais passo, e outro passo.
Passava naquele corredor frio e sentia os passos que nao passam sem marcas.
De repente do meu passo fez-se o caminho contrário.
Um passo mais e passei a ver diferente.
Ia apenas fazer análises ao sangue, os meus passos eram simples.
Entre tanto passos, por entre passadas largas de quem corre para a vida, e os curtos passos de quem tenta se afastar da morte, senti que os meus passos apenas passavam.
Quis ser mais que pisadas invisieis, e ser um passo importante, um passo de ajuda.
Não posso, não sei.
Registei os olhares, a dor dos sorrisos, o peso das passadas.
Aquele hospital é um mundo, uma correria desenfreada, onde risos e choros se fundem, novos e velhos não tem idade, ricos e pobres lutam pela mesma riqueza, igualando-se.
Outro passo, mais um, e mais outro e estou ali, diante de uma sala repleta de cansaço de esperar.
Vejo gentes tão corajosas, gentes tão mais gentes que tanta outra gente.
Aqueles que podem não estão ali, tem seguros de saúde, clinicas privadas, amigos médicos, nem sabem o cheiro de dor que se sente neste lugar...preferem nao saber.
Aquela mãe resignada de esperar, com os olhos baços, e o semblante carregado com o peso da vida, repousava a sua mão na perna dele.
Ele, deveria ter 40 anos aproximadamente, homem forte, pesado, mas débil, só olhava o chão.
Eu, à medida que a fila andava e me aproximava do guiché, aproximava-me dele.
Continuava a olhar o chão, sem um movimento, o corpo inerte adivinhava uma doença mental.
Talvez a fixação do meu olhar, talvez um pensamento, e ele levantou os olhos, os olhos nao a cabeça.
O corpo não se mexeu, e ele levantou o olhar, de soslaio olhou a sala e a mim. Sorri-lhe.
Impotente, sorri-lhe como se este meu gesto pudesse ser um analgésico, e por segundos roubar-lhe um sorriso. Nada, voltou a olhar o chão.
Como que a pedir ajuda, como sinal de cansaço, pousou a sua mão na da sua mãe. Ela deu-lhe também a outra, apertou a dele entre as suas e deu-lhe também o seu sorriso simples, sincero, generoso, cheio de amor. Ele olhou-a, e quase sorriu.
E com mais um passo, e outro passo, fui saindo deste mundo de dor.
Nada, não sou nada neste lugar, estes meus passos só passam, ninguem nota.
Cruzo-me com mais olhares soturnos, com mais rastos de dor, passos pesados, passos perdidos, passos, tantos passos...passos que ressoam a pedir ajuda, e passos atilados de quem ajuda.
Os que ajudam, de branco que nem anjos, tem passos largos, que correm, passos precisos, passos bem-vindos.
E mais um passo e passei a barreira, deixei para trás um mundo de dor, mais um passo, e outro passo, e olho para trás, e vejo de longe os passos, já sem ruido, sem cheiro, sem marcas.
Mais um passo e outro, e longe os meus passos.
Mas longe só os passos, ainda vejo aquelas mãos de mãe, rugosas e sofridas a despejarem energia na outra mão, aqueles olhos que de baços se transformaram em luz e o sorriso que nunca deve ter sido riso, mas como sorriso pode tudo.

Neura!

Gosto de saladas. Como saladas. Não como fritos, nem gorduras. Tenho uma alimentação saudável. Gosto de sopa e de soja, e como. Não como enchidos nem molhos. Tenho o colesterol elevado. É genético dizem. Faço ginástica, ando, corro e bebo muito (água) Tenho um pneu que não desaparece. É dificil dizem. Ouçam lá...assim não dá! Descupem amigas, a sinceridade ;)!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Então era isso!

Ahhhhhhhhhhhhhhhhh
Agora entendo todas as pedras no caminho!

Piquinhos no nariz!

Meu Deus, e já que falo nele, Deus, aproveito para dizer que acredito nele,mas neste que é meu. Acredito no Deus que não criou o mundo, esse foi criado pelo homem, e por isso está assim tão estragadinho. Acredito no Deus que é justo e por isso diz que a vaca é tão santa como a galinha que põe ovos de ouro, e que o porco é tão sujo como o homem, ou será que é menos?
Bem, analogias à parte, estava eu a dizer "Meu Deus há cheiros que ninguém merece"!
É certo que está calor, é certo que faz bem transpirar, mas já alguma vez sentiram aquele cheiro a suor tão forte, tão voador, que se instala nas narinas e chega a fazer comichão?
Pois é, senti, ontem, sem poder fugir...e relembrei outros dias que também já senti...e tive de aguentar!
Deve ser hormonal,pode ser da roupa, deve ser genético, pode ser doença, deve ser do tempo.
Seja o que for, por favor usem desodorizante, usem abusem, e voltem a abusar!
Se nos preocupamos em salvar o planeta das mais variadas poluições, salvem também os nossos narizes destes assaltos de comichão, destes odores que atordoam, que chegam a deixar piquinhos no nariz pelo resto do dia... ninguém merece e é tão bom o cheiro a verão!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Over and Over!

Lá vou eu , bicriar, multicriar, recriar, repetidas e infinitas vezes.
Crio-me em várias formas, tamanhos, feitios, às vezes com alma, às vezes com efeitos sem feitos.
Mas o grande feito é fazer, refazer...amanhã serei outra, todos os dias sou outra, um bocadinho de mim, mais tu,menos ele, mais aquele, menos eu.
Rio-me de mim, com tantas caras, com tantas gentes que passaram e virão, rio-me daqueles que não renascem em si mesmo...e choro por eles.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Amigos!

“Se eu morrer a uma quarta, só me encontram na sexta!” Desabafei eu a um amigo, que ainda hoje se ri, quando se lembra da frase “doida de manicómio” (como lhe chama)! Isto porque mais uma vez estava eu a falar-lhe dos meus devaneios, medos, anseios e o maior de todos, a morte, consome-me mais tempo do que devia, e realmente, tal como ele me aconselhou deveria preocupar-me mais em viver e deixar-me de pensar na morte. A minha irmã passa os fins-de-semana comigo, chega à sexta, daí o encontro. Encontro do corpo, porque a alma, essa já devia estar na fila do purgatório. Viver sozinha tem destas coisas, se morrer em casa durante a semana, a minha irmã poderá finalmente dizer-me um ultimo adeus na sexta feira, quando chegar de fim de semana, e que fim de semana! Parece mórbido, tétrico, uma perda de tempo até, bem sei. Sei que contra ela nada a fazer, mas se calhar se a encarássemos de outra forma, e falássemos dela mais vezes, talvez não fosse pior, talvez, quem sabe, a veríamos com outros olhos, mais abertos e menos periclitantes. O facto de viver sozinha, e por vezes me deitar desperta, dá nestas coisas…penso no que não devo, ou devo? Pensar que vou morrer, e como gostaria de morrer é assim tão dramático? É. Com outro amigo desabafei “ … e porque gosto tanto de viver, tenho este pavor de morrer”. E mais uma vez, ouvi palavras sábias, “ mas isso assim não é viver, vais morrendo todos os dias. Sendo a morte inevitável, porque não aproveitas a vida de que tanto gostas e te preocupas com a morte apenas quando ela chegar?!”. Estes são os meus amigos, o meu orgulho! Vou lembrar-me sempre disso, quando ela chegar preocupo-me com ela. Por agora viverei. Vou aproveitar e quando tiver insónias pensarei nos meu amigos, esses de quem não me quero separar, esses que me fazem gostar tanto de viver, esses que me ensinam todos os dias a chegar a sexta feira viva, depois de uma quarta feira "de morrer"! Amigos, esses que me abrem os olhos, que mos secam e também os fazem brilhar. Não viveria sem eles, e afinal tenho sorte, porque tenho os melhores amigos do mundo. Morrer? O que é isso? Estou demasiada ocupada com os meus amigos, a viver!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Por acaso!

Faço por acaso, e por acaso gosto de o fazer. Captar imagens dos momentos, em mente ou em lente. Nunca chega para vive-las de novo, mas chega para sonha-las. Impressiona-me a quantidade de vezes que falo em sonhos, a vida é feita também do imaginário que criamos para ela. Na realidade sonho, quase todos as noites sonho, e quase todos os dias me lembro. Nunca são serenos, pacíficos, nunca são sonhos que sonho acordada. São sonhos inquietantes, ambíguos, enigmas, tramas, dramas. São a areia no meu sapato de cristal, mas sem a qual poderia esquecer que além dos jardins desabrochados, existe também uma estrada dura para caminhar. Estranho, prefiro lembrar-me, que acordar sem os ter sentido. Como se a noite me permitisse viver outras vidas, como se o facto de estar deitada, inerte, não fosse um vazio, uma pausa, uma privação da vida que não posso desperdiçar. Chego a ter medo de sentir que preciso da tempestade para saborear a bonança. Não, não preciso. Preciso sim, que as nuvens me tapem o sol por momentos, que a minha pele esta a escoriar, preciso que o céu limpo por vezes se transforme em imagens de algodão, e que trace caminhos de vários cores, por onde possa deambular. Mas agora que penso na tempestade, posso vê-la como bonita. É loucura minha? Será pecado gostar de vislumbrar um céu cinzento carregado de rasgos de luz que fulminam este mar magnânimo? Chuvas incessantes que de tão forte parecem irromper esta sala envidraçada, aquecida pela lareira que crepita. Assombro delicioso, sentir este calor, e tu ai a estender-me a taça de champanhe ao som de Carmina Burana. Este cenário, encenado, esta imagem poderosa, do quente versus gélido, do mar versus chama, dos raios estrondosos que se fundem entre Carl Orff e trovões, será idílico, ou será fustigante? Afinal aqui deste porto de abrigo atrai-me esta tempestade. Chama por mim, desperta parte de mim. Saboreio a bonança, mas gosto do travo da tempestade Que alma inquieta esta, que entre sonhos e pesadelos, tem medos, desejos, anseios, dúvidas, muitas dúvidas, mas que nunca ninguém poderá dizer que não foi porque adormeceu, que não fez porque fraquejou, que não esteve porque desacreditou. E estas são as imagens cintilantes que construo e que me salvam nos desfiladeiros turvos. Porque o acaso é assim, acontece, mas por acaso não se esquece.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Vai formosa e segura!

Pintei as unhas de cor de rosa! São bonitas as minhas mãos. São iguais às mãos da minha mãe, macias, pequeninas e enormes na generosidade. São morenas por natureza, mas agora estão douradas do sol que apanhei na nossa, bonita e única, costa algarvia. E o cor de rosa torna-as mais brilhantes, mais divertidas, mais bailarinas! O meu cabelo está giro, comprido mas leve, e luminoso contrastando com a minha tez que por ser baça esconde as rugas, e por momentos até pareço aquela miúda de antigamente, menos mal! Hoje custou-me a acordar, como ultimamente me tem custado, porque o sono adormece-me até os ossos, e quando o despertador toca, em vez do cliché” feliz por estar viva” apetece-me gritar “a vida que espere, posso morrer por mais uns minutos?!” Mas desfeita a cara de “poucos amigos” com que costumo acordar, e a cambalear, qual bêbeda, nada como o arrepio da água e o cheiro do óleo nívea, para me despertarem para essa vida que não espera! Olhos bem abertos, quem não gosta de umas palavras bonitas de bom dia?! Obrigada por me levares de volta ao sonho. Sai à rua, o sol estava à minha espera, e hoje não se escondeu atrás das nuvens, eu sei porque olhei-o de frente e ele sorriu-me! Hoje sinto-me bonita, porque há um mundo que não sendo cor de rosa, hoje é azul céu, e esse azul infinito é como um bálsamo que me faz esquecer que sou efémera. Vi na montra da loja vazia, que diz “aluga-se”, e onde deveria dizer “arrenda-se”, uma miúda a passar. Caminhava a passos largos, tal como eu, sorri-lhe e ela a mim! Vi que era gira, tinha o cabelo comprido, leve, e solto, ah e as unhas eram também cor-de-rosa! Vi naquela miúda o reflexo daquilo que eu gostaria de ser todos os dias! Passei a montra e ela desapareceu… Mas eu continuei a caminhar livre, perfumada, leve e fresca, qb…pelo menos hoje!!!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Pulp -- Common People

Sometimes: "I want to live like common people I want to do whatever common people do I want to sleep with common people I want to sleep with common people like you."

terça-feira, 20 de abril de 2010

xiuuu..nao acordem os sonhos

Olho para o papel, branco…virgem Olho para as pessoas que passam coloridas, cinzentas, sujas, cálidas, puras… Há rostos que ficam, imagens que gravo, mas as palavras não me saem dos dedos Corre-se sem parar nesta vida que não dá tréguas Leva-se o que não se pede, suga-se o que há de bom, respira-se pouco, polui-se demais Aqueles que me olham e não entendem o que observo, perdem-se, vão-se Atropelos de vozes, retalhos de momentos, peças que encaixam sem sentido Há tanta gente que não sabe o que diz, sequer o que faz…constroem teias onde se enredam Gentes que ecoam vozes num labirinto mudo, disparam gestos em muralhas ocas… Vejo o velho atropelado na correria dos passeios, a mulher que fria pede um café quente, e um chega prá lá de quem passa sem tempo Vejo rugas do tempo, vejo o vento que leva o tempo, vejo que não há tempo. Na visão mais realista vejo o que não quero, mas vejo, e sonho que virá o que espero. Já não há tempo para sonhar, os que sonham perdem tempo. Os que não sonham acreditam, que vivem sonhos. Da distancia ficam saudades, do tempo que não volta Das memórias soltam-se risos, sorrisos e lágrimas com sabor a pó..a nada Não há nada aqui, neste lugar tão cheio…não há cor, alma, cheiro As vidas vivem vazias, num camuflado de histórias sem estória Já não há fantasias, loucuras, visões romanceadas que apimentam os dias Mataram os príncipes nos cavalos brancos Destruíram todos os castelos na areia Valerá a pena continuar a sonhar?

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Claro que temos de seguir os nossos ideais! Claro que devemos fazer sempre o que está certo! Claro que queremos ser felizes! Mas será que ser feliz sem seguir ideais é certo? Ou será que há ideais que por não estarem certos nao nos trazem felicidade?! Nunca sei o que é mais certo. Dizem que devemos escolher com a cabeça e com o coração, arranjar entre estes dois grandes sensores um equilibrio que nos faça sentir que sim, estamos certos, e desta forma seremos felizes! Mas a questão é: e se a cabeça não tem coração, e o coração anda de cabeça perdida? Pois é, um dilema que não tem fim, a cabeça manda para sul, mas o coração recua... O coração indica-nos o este, mas a cabeça desorienta-se...e perde o norte! Nao queria perder o norte...até porque é o meu porto de abrigo...é la que mora o meu coração. Mas a cabeça é a razão, aquela dorzinha que atormenta, que geme baixinho e que nao deixa o coração respirar. A cabeça é justa, coerente, fria, perspicaz, mas por isso é maléfica, porque esmaga a emoção, não deixa o coração falar e corrompe-o com esquemas teóricos que o desoreentam e o deixa sem folego. Claro que o coração é sonhador, tanto bate forte, como bate desenfreado, até latejar na cabeça! E é ai, que a cabeça esquece a razão e sonha, vibra, dança, com malabarismos de cor, e é ai que o coração faz o milagre da re-animação,e deixa-nos com este sorriso estupido de quem ama, este olhar perdido de paixão, este nervoso miudinho de quem deseja ardentemente. Não escolho a cabeça, de que adianta ouvir a razão se me chora o coração?!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Há muito mais...

Há momentos na vida que não vivo Há lugares que queria sentir aqui, como se fossem este Há momentos na vida que são só meus Há musicas que me trazem à vida, como se fosse ar Há momentos na vida que já vivi Há uma corrente que me transporta e não me deixa escapar Há lugares que foram meus e não mais esqueci Há musicas que sinto e adormeço, esqueço Há gentes na vida que nada valem em si Há tantas outras gentes que mereço Há a correr em mim um sopro, uma alma que voa Há uma sede viva de viver, há uma paz que peço Há uma dúvida que existe, há sempre um choro á toa Há um coração que ri, há uma mão em gesso Há um fumo que se esbate numa memória Há um sabor a quente que imaginei Há uma vida vazia amanha, mas hoje com historia Há um eu aqui, um eu que fui, um eu que serei Há um tempo infinito, num espaço vazio numa vida que Amei