Neste mundo, que é só nosso, tão nosso...tudo parece eterno, tudo parece pleno, tudo parece infinito.Só existe o hoje, o agora, nunca se pensa no futuro, e se se pensa está sempre tão longe!
Ao contrario das outras crianças nao gostava muito de circos, nunca gostei.
O espectaculo em si nao me trazia grandes emoções, nao me arrepiava, nao me fazia vibrar, nao me tranportava, como eu costumava sonhar, para longe!
Os animais coitados, estavam confinados a uma arena, que era assustadora, de rostos e gritos que a circundavam, e os assustavam.
Eu era mais um rosto, sem grito, com expressao de pasmo, presente no palco, mas a vislumbrar o que estava lá fora...as jaulas vazias, as camas dentro dos camiões, aqueles vestidos cheios de lantejoulas entulhados em pequenos baús, e sala, será que tinham sala?
A unica coisa que gostava no circo era os camiões e as caravanas onde sonhava entrar por um dia. Imaginava como seria viver ali dentro, seguir por uma estrada rumo ao desconhecido, viajar por entre sitios incertos, e caminhar sobre rodas, num malabarismo de fantasias que me assaltavam o pensamento.
Os palhaços estavam sempre muito pintados, nao conseguia perceber quem estava ali por trás, se velho se novo, se bonito se feio, eram de um opaco que me limitava a imaginação. Nao, nao gostava de palhaços. Ainda hoje nao gosto de máscaras, apenas em Veneza hei-de comprar uma, colocar na parede, e viajar para Itália sempre que olhar para ela!
Tenho a impressão que fui feita para sonhar.
O imaginário seduz-me, o desconhecido atrai-me, a minha mente está envolta nas mais variadas e surpreendestes acrobacias.
As vidas que vejo e que nao vivo, convidam-me a entrar nelas.
Hoje entro em cada janela aberta com a luz acesa, entro em cada porta com a soleira baixa, em cada jardim a cheirar a terra molhada. Vou entrando...
Ainda hoje sonho como será viver numa caravana, numa casa caiada de musgo, numa sala com quadros feios e cortinas de croché.
Há magias nestes lugares...
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